O Grupo Rede pode estar negociando a venda de ao menos duas de suas nove distribuidoras de energia elétrica. Nenhum executivo da companhia admite, mas evidências e declarações de terceiros feitas nos últimos dias dão pistas do que pode acontecer com o futuro da Celpa, distribuidora do Pará, e da Enersul, que atende o Estado do Mato Grosso do Sul. Juntas, elas são responsáveis pelo abastecimento energético de 2,32 milhões de unidades consumidoras.

O movimento de venda dos ativos ajudaria a sanear dívidas da empresa que, de acordo com o último balanço divulgado no primeiro trimestre de 2009, soma R$5,77 bilhões, sendo R$1,33 bilhões de curto prazo.

De olho nas concessionárias de distribuição estão dois fortes players do mercado de energia elétrica brasileiro: a Cemig, que pretende arrematar a Enersul, e a Eletrobrás que tem interesse em aumentar a participação acionária detida na Celpa.

No caso da holding mineira, a pretensão de incorporar ativos do Grupo Rede já foi, inclusive, confirmada pelo presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais, durante encontro com investidores , em Uberlândia (MG), em 29/05. “Nós estamos olhando o Grupo Rede. Não estamos olhando (somente a) Enersul. Não existe um direcionamento para uma determinada empresa”, afirmou Morais.

Segundo apurou a reportagem do Jornal da Energia, a estatal de Minas Gerais contratou uma consultoria para avaliar os ativos do Rede. Além da confirmação de Morais, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) escreveu na última semana em seu Twitter a respeito da possível negociação. “Minas Gerais está se aproximadamente cada vez mais de Mato Grosso do Sul, pela energia. Agora, através da Cemig. O tempo vai dizer”, disse o petista em sua página de relacionamento. O deputado estadual do Mato Grosso do Sul Marquinhos Trad (PMDB) também confirma os rumos da venda da Enersul para a Cemig.

No caso da Celpa, a situação é um pouco diferente. A Eletrobrás detém 34,24% da empresa paraense e segundo o presidente da estatal, José Antônio Muniz Lopes, ele “está muito preocupado com o abastecimento de energia do Pará”.

Questionado por jornalistas durante entrevista coletiva no início de julho se haveria possibilidade de a Eletrobrás passar a ser majoritária na empresa, Lopes disse que não descartaria essa chance. O Grupo Rede possui 61,37% do capital da distribuidora, que possui altos índices de inadimplência e perdas de energia.

A intenção da Eletrobrás, que também está avaliando a incorporação das distribuidoras de Roraima (CER) e do Amapá (CEA), é aplicar o mesmo modelo de gestão que vem sendo adotado em suas concessionárias do Norte, que eram deficitárias e passaram a apresentar lucro no último exercício fiscal.

FONTE: Jornal da Enersul - www.jornaldaenergia.com.br