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Eletrobras assume a elétrica do Amapá e dívida de R$ 1,6 bilhão

Rafael Palmeiras
rpalmeiras@brasileconomico.com.br

O governo transformou o Grupo Eletrobras na boia de salvação para a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), empresa com dívida de R$ 1,6 bilhão. Diferente do que ocorreu com as distribuidoras do Grupo Rede Energia, que sofreram intervenção com base na Medida Provisória 577, dessa vez o governo optou por colocar sobre os ombros da Eletrobras, que chegou a recusar socorro à paraense Celpa (controlada pela Rede), a tarefa de colocar de volta nos trilhos a gestão da operadora amapaense.
O processo para assumir o controle da CEA prevê que o Amapá receba financiamento do governo federal para quitar as dívidas da CEA junto ao Sistema Eletrobras e outros fornecedores, além de um Plano de Contingências que será encaminhado para aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “A concretização da referida operação depende de diversas autorizações e iniciativas em diferentes esferas, não podendo, portanto, ser detalhada neste momento”, disse a Eletrobras por meio de comunicado.
Especialistas consultados pelo BRASIL ECONÔMICO não têm dúvidas de que a Eletrobras é capaz de injetar recursos na companhia e possivelmente alavancar o fluxo de caixa da empresa. A CEA, por estar
inadimplente, não pode comprar energia, e esse déficit reflete na dificuldade que indústrias e empresas enfrentam para se instalarem no Amapá.
Em contrapartida, os especialistas ressaltam que outras distribuidoras da Eletrobras podem ser penalizadas com o novo controle concedido à companhia. “Vai ser um desafio grande para a Eletrobras, que controla empresas que ainda precisam ser melhoradas como as distribuidoras do Amazonas e Alagoas. Mas não tenho dúvidas de que o Amapá precisava de melhorias e a Eletrobras pode honrar com
esses compromissos”, avalia Ricardo Savoia, gerente do núcleo de regulação e tarifa da Andrade e Canellas. Atualmente o Grupo Eletrobras detém seis distribuidoras e já estuda a possibilidade de vender os ativos. As empresas localizadas em Roraima, Alagoas, Piauí, Rondônia e Amazonas tiveram prejuízo combinado de R$ 507 milhões no primeiro semestre de 2012, com geração de caixa negativa de R$ 109 milhões no período. A estatal não disponibilizou o resultado da distribuidora no Acre para esse período. Segundo a própria Eletrobras, as distribuidoras só devem ser rentáveis a partir de 2014.
José da Costa Carvalho Neto, presidente da companhia, chegou a afirmar em outubro que tomará uma decisão “até o final do ano” sobre a venda das distribuidoras. Questionada sobre o assunto a Eletrobras informou que o presidente não recebeu, até o momento, qualquer orientação do governo para vender as distribuidoras do grupo. “No entanto, diante dos impactos da MP 579 (da revisão tarifária), a empresa está analisando vários cenários, que consideram não só a redução de despesas como também a reorganização de seus negócios.”
Na visão de Raimundo Batista Neto, especialista no setor elé- trico e sócio-diretor da Enecel Energia, assumir o controle da CEA não soa como positivo para a Eletrobras.”Uma empresa com problema vai trazer uma conta negativa para a companhia o que vai aumentar o prejuízo. Não acho um bom negócio a empresa aumentar seus compromissos na área de distribuição”, destaca o especialista que defende que a distribuidoras devem ficar com empresas privadas. ■ Com Reuters

Fonte: Brasil Econômico

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