Na última sexta-feira (13), representantes do Sinergia-MS participaram de mais uma reunião de mediação com a Energisa para debater medidas para evitar acidentes de trabalho, principalmente, os fatais. Entre os assuntos abordados estavam os treinamentos, condições dos equipamentos, rotina de trabalho, comunicação entre líderes e colaboradores, saúde e procedimentos de segurança.
Participaram da reunião os diretores do sindicato Elvio Vargas, Alicéia Alves Araújo e Gilson Pereira da Silva e cinco representantes da concessionária de energia. O encontro faz parte de uma série de ações previstas no termo de compromisso assinado pela Energisa no dia 7 de maio, com a intermediação da Superintendência Regional do Trabalho. O documento foi elaborado após a análise do relatório sobre a morte do eletricista Jean Roberto Weiss Ramos, em Amambai. O relatório foi produzido por um perito especializado do setor elétrico, contratado pelo sindicato.
“Pela primeira vez, a empresa está discutindo com o sindicato, está ouvindo os dirigentes sindicais para elaborar ações que possam melhorar nossa segurança e reduzir os riscos de mais acidentes, principalmente, com morte. Isso é resultado do trabalho que o sindicato fez ao elaborar o relatório do acidente do Jean, procurar o Ministério do Trabalho e conseguir a assinatura do termo de compromisso pela empresa”, comentou o diretor do Sinergia, Elvio Vargas.
Na reunião, além das melhorias nos treinamentos e equipamentos, o sindicato indicou a necessidade de implantar ações que possam modificar o comportamento dos trabalhadores.
“Tudo isso que estamos fazendo é para evitar novas mortes. Isso depende também do comportamento do trabalhador, que deve aceitar as medidas de segurança e as ações que vão diminuir os riscos dessa atividade. E a empresa também precisa fazer algo nesse sentido”, explicou o diretor do sindicato.
A diretora do Sinergia-MS, Alicéia Araújo, ressaltou que a ideia do sindicato é que a empresa trabalhe com a reprogramação mental e a conscientização dos eletricitários. “Nossa proposta é desenvolver um programa comportamental com ferramentas cognitivas que vão tornar o cumprimento de procedimentos de segurança um hábito e melhorar a concentração do trabalhador, diminuindo o risco de ocorrer algum acidente”.
Treinamentos
O sindicato solicitou que a parte presencial do treinamento de NR-10 seja revista para melhor aproveitamento da carga horária atual. “O que o eletricitário pede é que o conteúdo seja reestruturado para inclusão de temas do dia a dia, estudos de caso e esclarecimento de dúvidas relacionadas à prática”, disse Aliceia.
Em relação a outros cursos, durante a reunião, os representantes da concessionária explicaram que houve adiamento dos treinamentos do CFO (Centro de Formação de Operadores) para 2019 por conta da migração para o novo sistema, mas cinco líderes atuam hoje no COI para dar suporte aos operadores.
A empresa também entregou um relatório sobre o acidente que provocou a morte de Jean e informou que os colaboradores têm o direito de recusa quando estiverem em situações não adequadas para a execução das atividades. Mas a preocupação do sindicato é de que o trabalhador sofra alguma represália por recusar, mas a concessionária se comprometeu de que isso não vai ocorrer, porque a segurança é mais importante do que a execução do serviço.
Equipamentos
A empresa apresentou os POP’s (Procedimento Operacional Padrão) dos equipamentos especiais, que ficam sob a guarda do COI (Centro de Operações Integradas). A cada necessidade de intervenção, o COI instrui os eletricistas em campo para olhar os comandos básicos como o conceito e a metodologia. Conforme a concessionária, é impraticável detalhar todos os equipamentos, pois as informações não serão absorvidas pelas equipes.
Também foi anunciado pela concessionária um levantamento junto aos supervisores e colaboradores sobre equipamentos que possam não estar adequados à estrutura local e apresentado um vídeo com uma demonstração para reforçar a segurança no uso do kit de aterramento.
Os representantes da Energisa informaram ainda as seguintes medidas em relação à segurança dos eletricitários: revisão do tempo dos MIP’S, pensando em eficiência e segurança, sendo mantido, por exemplo, a meta de 15 minutos de TMS; disseminação do tema desenergização no projeto Bússola; busca da melhoria da comunicação entre as lideranças e colaboradores; e melhorias estruturais com a reforma no bloco 12, com banheiro masculino, copa e sala de descompressão.
Saúde
O sindicato também pediu o acompanhamento, de forma sistêmica, dos atestados psiquiátricos, no sentido de resgatar esses colaboradores. A empresa apresentou a possibilidade do projeto piloto de constelação familiar empresarial, que está sendo aplicado em Dourados.
Encaminhamentos
O sindicato requereu ainda a apresentação de uma proposta, no prazo de 30 dias, sobre ações que possam mudar o comportamento dos trabalhadores das equipes de campo. O objetivo é estabelecer estratégias de sensibilização quanto à importância dos procedimentos de segurança.
Também foi agendada uma nova reunião para o mês de fevereiro de 2019 para acompanhamento de todas as ações de segurança desenvolvidas nesse intervalo de 6 meses. Se caso ocorrer algum evento ou acidente antes deste prazo, que a empresa esteja à disposição do sindicato para discutir e esclarecer o fato.
Como a medida faz parte do termo de compromisso firmado entre a empresa e o sindicato, as atas de cada reunião serão registradas no Ministério do Trabalho. Os temas abordados nas reuniões serão disseminados aos colaboradores em visitas dos diretores do Sinergia ao interior do Estado.
Por: Adriana Queiroz/Assessoria de Comunicação do Sinergia-MS