Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha mostra que a maioria da população brasileira rejeita as privatizações de empresas estatais e a retirada de direitos trabalhistas, duas das principais bandeiras neoliberais, defendidas pelos eleitos Jair Bolsonaro (PSL, presidente), João Doria (PSDB, governador de São Paulo) e Romeu Zema (Novo, governador de Minas Gerais). Respectivamente, 60% e 57% das pessoas ouvidas pelo instituto afirmaram discordar de ambas as práticas.
Segundo a pesquisa, divulgada no dia 5 de janeiro, apenas 34% da população concorda que o governo deve vender o maior número possível de suas empresas. Outros 5% afirmaram não ter opinião formada e 1%, neutro.
As privatizações encontram maior aprovação entre os mais ricos, na faixa de renda superior a 10 salários mínimos (56%). Homens, pessoas com curso superior e moradores do Centro-Oeste e do Norte também são mais favoráveis à venda das estatais, afirma o Datafolha. Mulheres, pessoas com escolaridade média, moradores do Sul e do Nordeste e os mais pobres rejeitam majoritariamente as privatizações.
Em outro recorte, apenas entre partidários da sigla de Bolsonaro, o PSL, o apoio às privatizações é majoritário: 65% defendem a medida. Entre simpatizantes do PSDB – partido historicamente ligado às privatizações de estatais federais, estaduais e municipais –, o número de apoiadores é 41%. Já entre petistas estão os que expressam menor apoio à venda de empresas públicas (29%).
Já em relação à “reforma” trabalhista, a redução ou flexibilização das leis que regulamentam as relações entre setores patronais e os trabalhadores é apoiada por 40% dos brasileiros. A pesquisa indicou que 3% dos ouvidos disseram não ter opinião sobre o assunto.
Homens, mais ricos e moradores do Sul são os mais favoráveis à reforma. Novamente, são os apoiadores do PSL que lideram, com 50% dos que querem reduzir a proteção aos trabalhadores. Em posição contrária estão os mais pobres, mulheres, moradores do Centro-Oeste e do Norte e simpatizantes do PT —estes com 65% de discordância.
Nos últimos dias, evidenciou-se que as privatizações são alvo de controvérsia dentro do primeiro escalão do governo Bolsonaro. No dia 4 de janeiro, o próprio presidente levantou dúvidas sobre a compra da divisão de aviação civil da Embraer pela Boeing, ao afirmar que vê ameaças ao que ele chamou de “patrimônio nosso”.
O instituto ouviu 2.077 pessoas em 130 cidades, em 18 e 19 de dezembro A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.
Fonte: Rede Brasil Atual