A companhia estatal de energia Eletrobras vai perder 20 bilhões de reais, de 2013 a 2017, exclusivamente com a redução da tarifa de energia relativa às concessões renovadas antecipadamente, segundo cálculo do Instituto Acende Brasil. Esta é a diferença entre o quanto a empresa teria de receita com a continuidade do contrato até 2017 nas condições anteriores e o quanto passará a receber pelo megawatt-hora a partir de 2013, caso opte pela renovação.
Para o presidente do instituto, Cláudio Salles, ao acatar as novas regras, os integrantes do conselho de administração da empresa estarão sendo pessoalmente prejudicados. “Por ser uma sociedade anônima, a empresa não pode tomar qualquer decisão contrária a seus próprios interesses econômicos”, alertou.
Leia também: Eletrobras deve aprovar renovação antecipada de concessões
Governo só capitalizará Eletrobras por meio de investimentos, diz Mantega
Esta semana, o ex-presidente da Eletrobras José Luiz Alquéres deixou o conselho da estatal, alegando conflito de interesses com o de outras empresas das quais também participa do conselho. “O momento de mais uma reforma institucional que o setor está entrando com a vigência da recentíssima MP 579 ampliou sobremaneira a possibilidade de conflito entre a minha atuação como conselheiro da Eletrobrás e minhas demais atividades”, argumentou Alquéres na carta de demissão, na qual afirma também que “o governo destrói brutalmente o valor da Eletrobras”.
O professor Nivalde José de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, é categórico ao afirmar que os próximos leilões de empreendimentos no setor elétrico estão ameaçados, caso o governo não altere a medida provisória. “Os leilões correm o risco de terem deságios menores, com a presença de menos concorrentes, ou eventualmente um grande projeto não ter interessados por ter um risco grande”, previu.
Mas ele aposta que o governo vai acabar modificando a polêmica MP 579. “A proposta geraria uma perda econômica e financeira muito grande entre as empresas envolvidas”, afirmou Castro, ao lembrar que o texto ainda precisa de aval do Congresso Nacional para sair do papel.
(com Estadão Conteúdo)