O Brasil está há dias com as atenções voltadas para a escala 6×1. Esse modelo de seis dias de trabalho e um dia de descanso, um dos mais comuns no país, tem sido objeto de discussões na sociedade, com foco em trazer mais equilíbrio entre a vida profissional e pessoal dos trabalhadores, principalmente os que atuam em setores como comércio e serviços.
Este assunto ganhou força principalmente nas redes sociais após a apresentação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que prevê a redução da jornada de trabalho legal de 44 para 36 horas semanais sem redução de salário. Além de colocar fim na escala 6×1, o projeto mantém a carga máxima de trabalho em oito horas, mas permite que o modelo de quatro dias de trabalho e três dias de folga possa ser adotado, além da escala 5×2.
A organização “4 Day Week Global” tem prestado consultorias para empresas que querem aderir à jornada 4×3. Portugal, Reino Unido, Islândia, Espanha estão entre os países em teste. Em alguns outros lugares, a escala semanal é menor que 36 horas. Exemplo da Holanda com 29 horas, Noruega e Dinamarca com 33 e Bélgica, Suíça e Alemanha 35. No Brasil, a última redução foi há quase 4 décadas, em 1988 com Constituição Federal, que diminuiu para 44 horas semanais.
Outros estudos também já apontaram que a redução na escala traz benefícios como redução do estresse no trabalho, do cansaço ao fim do dia, o aumento da produtividade no trabalho e a possibilidade de conciliar a vida pessoal com a profissional.
Pensando na realidade de muitos trabalhadores brasileiros, essa medida pode trazer mudanças significativas de vida aos que, por exemplo, trabalham fora e precisam executar jornada extra não remunerada quando chegam em casa; aos atuam em profissões de alto risco, como os eletricitários que estão a todo momento sob pressão e precisam descansar física e mentalmente para não se acidentarem; aqueles que passam horas dentro do transporte público e só tem um dia na semana para resolver questões pessoais… Os benefícios são muitos e são necessários!
Dos 513 deputados, 231 assinaram a proposta, número suficiente para autorizar a tramitação no Congresso. Porém, para se tornar realidade, a PEC ainda vai precisar passar por comissões especiais. Mais pra frente, o debate também será aberto para que a sociedade, movimentos sociais e entidades sindicais contribuam com o texto do projeto, visando melhorias e aprimoramentos.
O Sinergia-MS está acompanhando o andamento da proposta de perto e já está participando de discussões acerca do tema com outros sindicatos e federações. Na próxima semana, a Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU) estará reunida para realizar o Planejamento da Gestão 2024/2028 e o tema está entre as pautas a serem debatidas.