Pesquisa Datafolha publicada pela Folha de S. Paulo nessa terça-feira (10) aponta que 67% dos brasileiros são contra a entrega do patrimônio público para o capital privado. Ou seja, a maioria da população brasileira é contra as privatizações.
Apenas 25% são a favor das privatizações, enquanto 6% não sabem e 2% se declaram indiferentes. Empresários e trabalhadores com renda maior estão entre os apoiadores da privatização. O índice chega a 51% entre os empresários e 50% entre os que têm renda acima de dez salários mínimos, caindo para 16% para os de renda até dois salários.
O Datafolha aponta ainda que os simpatizantes do PSL (67% a favor e 27% contra) defendem mais as privatizações do que os próprios eleitores de Bolsonaro (39% a favor e 53% contra).
A pesquisa foi feita entre os dias 29 e 30 de agosto e ouviu 2.878 pessoas em 175 municípios do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
Eletrobras
A Eletrobras é uma das empresas que está na mira do governo. Reportagem da Folha de São Paulo publicada no dia 9 de setembro informa que o projeto de lei que garante as bases para a privatização da Eletrobras deve ser enviado ao Congresso até o final deste mês, conforme previsão do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
No dia 23 de agosto, os trabalhadores e trabalhadoras do Grupo Eletrobrás, representados pelo Conselho de Administração de Empregados da estatal, enviaram uma carta ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com um alerta sobre os riscos de uma possível privatização da companhia.
A carta apresenta dados que mostram resultados positivos no balanço da Eletrobrás. Em 2018, o lucro foi de R$ 13,3 bilhões e somente no primeiro semestre de 2019, já chega a R$ 6,6 bilhões. Mostra ainda que seu nível de endividamento é baixo em relação a empresas do mesmo setor e, por isso, tem condição de crescer e realizar novos investimentos, sem a necessidade de ser ‘capitalizada’.
Os trabalhadores alertam que uma empresa do porte da Eletrobrás, nas mãos da iniciativa privada, traria uma ‘explosão das tarifas’, já que o Brasil ainda não tem políticas que regulam e fiscalizam de forma eficiente o setor de energia elétrica.
Outra preocupação é com a segurança da estrutura da empresa. A Eletrobrás tem hoje mais de 200 barragens em bom estado de vigilância e os desastres de Mariana e Brumadinho, são exemplos de que há falhas na regulação e controle de empresas privatizadas. O risco, alerta a Comissão, se ampliaria com a capitalização da empresa.
O Conselho de Administração De Empregados engloba os trabalhadores da Eletrobrás e as subsidiárias Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul, CGTEE, Amazonas GT, Cepel e Eletronuclear.
Na contramão
Ao contrário do Brasil, países como Inglaterra, EUA e Alemanha reestatizaram empresas de serviço público.
Um levantamento do TNI (Transnational Institute), centro de estudos em democracia e sustentabilidade sediado na Holanda, aponta que ao menos 884 serviços foram reestatizados no mundo no período de 2000 a 2017. Isso por que, segundo o TNI, as empresas privadas priorizavam o lucro e os serviços eram ineficientes e caros.
Dessa forma, além de ir contra a vontade dos brasileiros, as privatizações estão na contramão da tendência mundial de reestatização.
Mobilização
No dia 20 de setembro será deflagrado Dia Nacional de Paralisações e Manifestações em Defesa do Meio Ambiente, Direitos, Educação, Empregos e Contra a Reforma da Previdência.
A ação faz parte do calendário de mobilização em defesa da soberania nacional aprovado pela Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Soberania Nacional da Câmara dos Deputados.
Fonte: SP Bancários, Folha de S. Paulo e FNU