Novo diretor da metade paraguaia da usina afirmou que governo de Cartes manterá bases das negociações entre Lugo e Lula em 2009
O novo governo paraguaio deverá buscar alternativas para vender a energia excedente que pertence ao país na UHE Itaipu ao Brasil. De acordo com o diretor geral da usina por parte do sócio brasileiro na central, James Spalding, o presidente Horacio Cartes deverá manter a meta das negociações iniciadas por Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2009. A comercialização da energia para outros países só será pleiteada mesmo apenas ao final do Tratado de Itaipu, em 2023.
“Hoje nós vemos que há condições de que o próprio Brasil pode seguir consumindo a energia que é gerada por Itaipu”, afirmou o executivo.
Até lá, disse Spalding à Agência CanalEnergia, a Ande, equivalente á Eletrobras no Brasil, está se preparando para tornar o Paraguai apto a consumir a energia pertecente ao país. Para isso, tem um plano de investimentos de 10 anos para realizar aportes de cerca de R$ 2,5 bilhões. A meta é reforçar o sistema de transmissão e distribuição naquele país, principalmente nas regiões de fronteira. Segundo ele, essas são áreas que estão crescendo bastante e que precisam de energia para o seu desenvolvimento.
Atualmente, disse ele citando números de 2012, 72% da energia paraguaia foi gerada em Itaipu. Esse volume representa cerca de 10% da produção da hidrelétrica binacional. Contudo, o país começa a dar os primeiros passos para aumentar a demanda pela energia que é de sua propriedade e que, por força do tratado de 1973, é vendida totalmente ao Brasil quando não é consumida internamente.
A nova linha de transmissão de 500 kV, energizada no último domingo, 6 de outubro, aumenta a capacidade de consumo paraguaia. Antes, explicou Spalding, essa energia chegava à capital Assunção por meio de duas linhas de 220 kV o que gerava uma sobrecarga ao sistema e maior perda técnica.
Agora, afirmou, o sistema de lá será mais eficiente, trará mais segurança e confiabilidade ao sistema paraguaio, além de abrir a possibillidade de o país contar com mais energia para atrair novas indústrias ao país.
Tanto que o novo presidente daquele país pretende incentivar a chegada de novas indústrias ao país por meio da criação de novos distritos industriais. “Empresas nacionais e multinacionais”, destacou Spalding.
Ao passo que o Paraguai aumenta seu consumo, o volume de energia de Itaipu cedida ao país deverá ser reduzida. Contudo, Samek, diretor da parte brasileira diz que esse fator não deverá afetar de forma expressiva o Brasil. Segundo ele, o consumo atual do Paraguai está na casa de 9%. Ao passo que aumenta a demanda por energia por lá a disponibilidade para será naturalmente reduzida mas, em sua avaliação, a expansão paraguaia vai se dar forma orgânica, o que deve levar a uma leve curva de demanda ascedente por lá e a um aumento de poucos pontos porcentuais em relação à produção total da hidrelétrica.