Contrato no valor de 1 bilhão de euros compreende fornecimento de 440 aerogeradores com tecnologia adaptada para ventos brasileiros
Milton Leal, da Agência CanalEnergia, de São Paulo, Negócios e Empresas
Inédito no mercado brasileiro, o acordo anunciado nesta quarta-feira, 6 de fevereiro, entre a geradora Renova Energia e a fabricante de equipamentos Alstom redesenha o padrão de negociação entre o investidor eólico e o fornecedor de aerogeradores. Até então, os vencedores dos leilões de energia fechavam a compra das turbinas somente após as licitações, em um processo que envolve a concorrência acirrada dos 10 fabricantes que estão instalados no Brasil.
Com o contrato de pré-compra de 440 aerogeradores, que totaliza 1 bilhão de euros e envolve 1,2 GW de máquinas, a Renova espera obter ganhos de escala que um acordo dessa magnitude pode trazer. Para a Alstom, a previsibilidade de faturamento ajudará a empresa a manter em operação as duas fábricas voltadas para o segmento que possui no país.
Mathias Becker, diretor-presidente da Renova, explica que o negócio propiciará o desenvolvimento de aerogeradores que atendam às características de vento da região de Caetité, na Bahia, onde a empresa já colocou em pé cerca de 300 MW em parques eólicos. “Não basta tropicalizar, não basta “brasilificar”, tem que “Caetetizar” as máquinas”, afirmou o executivo, citando o neologismo criado pela companhia para melhor definir as necessidades dos equipamentos que serão adaptados à realidade regional de ventos. A expectativa é que o fator de capacidade das turbinas seja incrementado de 3% a 4% com o desenvolvimento de tecnologias específicas.
Jérôme Pécresse, presidente do setor Renewable Power da Alstom no mundo, afirma que o acordo permitirá à companhia dobrar a capacidade de produção de sua fábrica em Camaçari, na Bahia. Segundo ele, com a adição de mais um turno nas próximas semanas, a produção atingirá 600 MW de turbinas por ano. “Vamos trabalhar para otimizar as turbinas vendidas para a Renova. A gente acredita no potencial eólico brasileiro, que deve chegar a 15 GW de capacidade instalada em 2020”, prevê.
Do total de equipamentos comprados, 544 MW já têm destino certo e servirão para dar continuidade aos parques da Renova em Caetité. O restante precisará aguardar a venda futura de energia pela empresa nos certames do governo federal ou no mercado livre.
A Renova possui mais de 1GW de capacidade instalada contratada em parques eólicos. Em julho de 2012 a companhia inaugurou o maior complexo eólico da América Latina, instalado nos municípios baianos de Caetité, Guanambi e Igaporã. Os 14 parques eólicos comportam 184 aerogeradores e 293,6MW de capacidade instalada, contratada no leilão de energia reserva de 2009.
