A segunda rodada de negociação com a Energisa terminou sem expectativa em relação às cláusulas econômicas do ACT. Na reunião ocorrida na manhã da última quinta-feira (31/10), a empresa informou que só apresentará proposta após a divulgação oficial do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), entretanto, o pacote de maldades já deu seus primeiros sinais: a empresa quer mexer na regulamentação do banco de horas, no DSR e nas horas intervalares.
Uma das maiores reclamações dos trabalhadores e preocupação do Sinergia é o direito ao descanso e compensação de horas extras. Devido às questões climáticas, em grande parte dos casos, os eletricitários são submetidos a um ciclo perigoso criado pela Energisa que resulta em um banco de horas extenso sem a menor chance de ser compensado. No caso dos afastados, a depender do tempo de ausência, a situação fica ainda mais complicada.
O assunto foi levado à mesa e debatido amplamente pelo sindicato, com ponderações da diretoria que acompanham de perto o dia a dia dos trabalhadores. A proposta da Energisa neste primeiro momento é extensão do prazo de compensação do Banco de Horas de 6 meses para 12 meses e ajuste na proporção de horas de 1H/1H para o público administrativo. Atualmente, a regra para o administrativo é uma hora de trabalho por duas horas de descanso.
Para Chico Ferreira, presidente do Sinergia, está claro que isso é mais uma afronta à categoria. “Nas condições que temos hoje já é uma dificuldade dar conta de atender aos chamados da empresa e ainda seguir os prazos de compensação. Basicamente, a proposta da Energisa é forçar o trabalhador a fazer mais tempo de hora extra e ganhar prazo para recompensá-lo. Mais do que barrar essa maldade, queremos conscientizar o trabalhador do que querem fazer com ele e com tudo o que ele tem direito”
DSR e Hora Intervalar
Pouco menos de um ano, o sindicato denunciou que a Energisa estava antecipando o DSR e cancelando folgas. Na prática, trabalhadores executavam jornadas ininterruptas durante a semana, eram obrigados a atender chamados da empresa em dias de folga e não recebiam pelas horas extras trabalhadas. Um completo absurdo que, infelizmente, continua acontecendo com frequência.
Além de estar presente na CLT, foi negociado em ACT a remuneração com adicional de 100% das horas extras trabalhadas nos descansos semanais remunerados ou feriados e o respeito ao às 11 horas de descanso entre duas jornadas de trabalho. Não é o que tem acontecido e o Sinergia expôs alguns casos reais na reunião. A resposta da Energisa para este assunto foi “debater sobre a disciplina das consequências de eventual acionamento emergencial em DSR e interjornada”
O Sinergia-MS recebeu negativas da empresa com relação à extensão da licença-paternidade para 20 dias, ampliação do auxílio-creche de 6 para 9 anos, abono de ausência de 3 dias para assuntos particulares, adicional para operadores de drones.
A próxima reunião está prevista para acontecer no dia 12 de novembro. Neste encontro serão retomados pautas que ainda estão sendo estudadas pela Energisa como dupla função diferenciada para cutterhead e auxílio transporte para trabalhadores do plantão.