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8 de Janeiro de 2013 às 10:45

Há risco de racionamento?

A consultoria Excelência Energética analisa a situação dos reservatórios hidrelétricos e o preço da energia para os próx

 

Por Excelência Energética
 
O proposta desta análise é responder a pergunta mais frequente neste início de 2013, e o objetivo deste artigo é aprofundar a discussão em busca de uma resposta. Desde setembro de 2012 há uma preocupação quanto ao atendimento da demanda durante o período chuvoso, mas a escalada do nervosismo deu-se com a publicação dos valores de PLD vigentes para a segunda semana deste ano: R$554,82/MWh (71% do PLD máximo para 2013), maior valor desde janeiro de 2008, quando foi registrado R$569,59/MWh.
 
Mas o PLD é apenas uma consequência do problema, vamos agora investigar as causas.
 
Baseado num sistema hidrelétrico, o país sempre dependeu do regime pluviométrico para atendimento de sua demanda. Entretanto, à medida que a demanda cresce e a quantidade armazenada em reservatórios não (vez que usinas hidrelétricas têm sido construídas em configuração praticamente a fio d’água), a volatilidade do risco de déficit do sistema aumenta. E, em casos de atraso de período chuvoso e/ou de pluviosidade abaixo das médias de longo termo, o sistema escancara suas fragilidades.
 
E é justamente o que esta acontecendo! Desde o fim do período seco de 2012 a geração hidrelétrica não tem sido robusta,a qual compara a geração de energia hidráulica nos anos de 2012 e 2011. Nos meses de novembro e dezembro de 2012, a geração hidráulica foi 13,3% e 9,4% inferior à registrada no ano de 2011.
 
Pior do que geração abaixo entre um ciclo e outro é o fato de que, desde setembro de 2012 a geração de hidroeletricidade tem sido inferior à garantia física das usinas. Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em outubro de 2012 (InfoMercado de dez/2012) a geração ficou 3,6% abaixo da garantia física (após MRA - Mecanismo de Redução de Garantia Física). Esta geração baixa pode ser mais bem entendida ao se observar os níveis dos reservatórios nos sistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, com capacidade de armazenamento tecnicamente empatados com a Curva de Aversão ao Risco (CAR).
 
E a expectativa de curto prazo não é das melhores. Conforme PMO (Plano Mensal de Operação de janeiro/2013) do ONS, as previsões de energias naturais afluentes para o mês de janeiro e fevereiro estão abaixo das médias de longo prazo. No sistema Sudeste, a previsão para janeiro é de 89% MLT e para fevereiro há 70% de probabilidade que fique abaixo da média (mais precisamente, abaixo de 103% da MLT).
 
No sistema Nordeste a situação é ainda um pouco mais crítica, com previsão para janeiro de apenas 37% da MLT e probabilidade de 94% de que em fevereiro a ENA seja inferior à média de longo prazo (mais precisamente, abaixo de 104% da MLT).
 
Neste contexto, não resta outra alternativa ao Operador Nacional do Sistema (ONS) senão despachar as usinas termelétricas, tanto que, nos meses de novembro e dezembro de 2012 a geração termelétrica foi mais de 3 vezes superior aos valores registrados em 2011.
 
As termelétricas a gás, carvão e nuclear estão em seu despacho máximo, variando-se apenas o despacho de termelétricas a óleo, já que representam o custo marginal do sistema. Ressalta-se ainda que, estão sendo despachadas 16 termelétricas a óleo (Diesel e combustível), que juntas representam 2.162MW, na condição de despacho por tempo determinado, vez que ainda não se esta totalmente resolvida a questão do contrato de suprimento que atenda a Resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica n.222/2006.
 
Essa situação poderia ser um pouco amenizada caso as linhas de transmissão na Bahia e no Rio Grande do Norte para escoamento de aproximadamente 670MW de energia eólica tivessem cumprido seu cronograma. Trata-se de parques que comercializaram energia elétrica no leilão de energia de reserva 2009, e estão aptos para entrada em operação comercial desde o segundo semestre de 2012.
 
Assim, embora do ponto de vista estrutural a garantia física existente seja maior do que a demanda por energia elétrica, quando a geração hidrelétrica fica abaixo da energia de placa, tem-se a atual elevação do risco de déficit. Neste cenário, não é possível afirmar que enfrentaremos um desabastecimento no curto prazo, pois para tanto seria necessário o agravamento do cenário hidrológico. O que não se pode negar é a tendência de PLD alto no primeiro semestre, com despacho termelétrico contínuo e elevado, cujo impacto nas contas dos consumidores deverá comprometer a propalada redução das contas de energia elétrica

 



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