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17 de Dezembro de 2012 às 02:30

Saída de controlador do Grupo Rede é discutida há dois anos

 

A saída de Jorge Queiroz Moraes Junior do comando da Rede Energia já vem
sendo discutida nos bastidores há pelo menos dois anos.
 
Caixa Econômica Federal pode ter de assumir a endividada Rede Energia
 
A Folha apurou que a sua permanência no comando tornou-se insustentável
quando o endividamento do grupo chegou a 6,3 vezes a geração de caixa.
 
Naquele momento, os principais bancos ainda mantinham abertas as linhas de
crédito, apesar da dívida.
 
A situação piorou quando Queiroz decidiu vender sua participação por meio de
um processo aberto do qual participaram 22 empresas. Problema: elas
contrataram bancos como assessores -os mesmos que eram credores do grupo
Rede.
 
 
Essa situação expôs a fragilidade do grupo que, imediatamente, teve fechadas
suas linhas de crédito nesses grandes bancos. A geração de caixa ficou
comprometida.
 
 
A J&F, grupo comandado pelo empresário Joesley Batista, foi uma das
interessadas. A Folha apurou que a proposta foi de cerca de R$ 200 milhões.
Mas houve oferta de até R$ 400 milhões.
 
 
Para ganhar fôlego, Queiroz entrou com um pedido de recuperação judicial no
Pará para salvar a Celpa, uma das nove distribuidoras de energia do grupo.
A Justiça concedeu, e o empresário recebeu então uma oferta da J&F. Mas o
negócio não foi adiante devido ao veto do BNDES.
 
Com o veto, Queiroz ganhou o direito de negociar a venda da Celpa e do grupo
com exclusividade para a CPFL e a Equatorial.
 
A Celpa acabou sendo vendida para a Equatorial por R$ 1. Sozinha, a
concessionária era responsável por um terço da dívida do grupo.
 
 
Sem a Celpa, Queiroz só conseguiu ter acesso a empréstimos com bancos de
menor porte, entre eles, PanAmericano, Rural, BMG e BVA.
 
 
Naquele momento, o valor de mercado do grupo Rede era de R$ 3 bilhões, mesmo
com ativos que, em situação normal de gestão, valiam, no mínimo, R$ 8
bilhões.
 
 
ÚLTIMA TENTATIVA
 
No primeiro semestre deste ano, Queiroz fez sua última tentativa de venda
antes da intervenção da Aneel nas oito concessões.
 
A J&F estava com a proposta na mesa, mas, de novo, o BNDES teria vetado. Um
dos motivos foi a falta de experiência da J&F no setor elétrico. Além disso,
o banco não quis tê-la como parceira em mais uma frente de negócio.
 
Ambos já são sócios na JBS (frigorífico) e na recém-inaugurada Eldorado, do
ramo de celulose. Somando investimento e empréstimo concedidos pelo banco, a
J&F já recebeu mais de R$ 10 bilhões.
 
 
Agora, Queiroz tem a última chance de vender sua participação para a CPFL e
a Equatorial, baseado no acordo de exclusividade.
 
 
Na semana passada, o Congresso aprovou a MP que definiu as regras para a
intervenção com um novo complicador: nenhuma concessão do setor sob
intervenção pode ser negociada com exclusividade. Se o negócio não sair
agora, a Caixa poderá ter de assumir o grupo.
 
 
OUTRO LADO
 
Por meio de sua assessoria, o BNDES diz que não pode, como acionista
minoritário da Rede Energia, interferir em decisões do controlador, que
optou pela exclusividade nas negociações de venda de suas ações.
 
 
O banco estatal nega ter adotado qualquer posição que tenha prejudicado a
situação financeira da Rede. "A decisão tomada é sempre a de privilegiar a
melhor alternativa para as empresas e o melhor retorno", diz.
 
 
A Caixa não quis se pronunciar sobre a recuperação judicial da Rede Energia
-e sua passagem de sócia a credora- nem sobre o contrato que a obriga a
assumir o controle caso não receba R$ 712 milhões de Queiroz.
 
Por meio de sua assessoria, a Caixa se limitou a dizer que aguarda a
conclusão das negociações em curso com a CPFL e a Equatorial.
 
A instituição espera que elas sejam bem-sucedidas e que o novo controlador
preserve os direitos do FI-FGTS no bloco de controle, garantindo proteção ao
investimento feito pelo fundo em 2010.
 
Segundo Thomas Felsberg, advogado de Jorge Queiroz Moraes Junior, a
expectativa do empresário é a de que o negócio tenha um desfecho nesta
semana. O prazo da negociação com Equatorial e CPFL vence no dia 28. O
pagamento à Caixa, no dia 2 de janeiro. A J&F não quis comentar. (JULIO
WIZIACK E AGNALDO BRITO)
 



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