Estudar, trabalhar, votar, praticar qualquer esporte. Parece a descrição de atividades cotidianas, mas são conquistas históricas das mulheres. Sim, elas tiveram que derrubar inúmeras barreiras para ter acesso a direitos básicos como educação, trabalho, voto e a prática de esportes, como o futebol.
A luta por igualdade de gênero começou há quase 200 anos e permanece até hoje. No mercado de trabalho, por exemplo, as mulheres ainda recebem, em média, 21% menos que os homens, conforme dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
“Não deveríamos mais estar debatendo a desigualdade salarial nos dias atuais. É um absurdo que isso ainda seja preciso. Outro ponto é a discriminação com a gestante, tem o período de estabilidade, mas quando essa mulher volta e o bebê está com 4, 5 meses, acaba sendo demitida justamente no momento em que mais precisa do trabalho”, pontua a diretora do Sinergia-MS, Alicéia Araújo.
A legislação trabalhista prevê estabilidade provisória para as gestantes, do início da gestação até 120 dias após o parto. Contudo, após esse período, muitas mães são dispensadas. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que metade das mulheres são demitidas até dois anos depois que acaba a licença-maternidade.
A conselheira fiscal do sindicato, Elizete Almeida, que foi presidente do Sinergia-MS no período de 2015 a 2018, também destaca a importância do Dia Internacional da Mulher para denunciar situações que precisam mudar para a construção de uma sociedade mais igualitária.
“Além de todos os tipos de violência e desigualdade enfrentadas pela mulher, têm uma ainda pouco falada que é o etarismo. As mulheres mais velhas são constantemente criticadas por suas escolhas, como vestir, onde ir, como se relacionar, corte de cabelo e até estudar. Sofremos o preconceito de como nos sentimos e como agimos. Um exemplo simples disso é que um homem grisalho é charmoso, a mulher é relaxada”, afirma.
Realidade que também interfere no quadro de trabalhadores das empresas. “Hoje, apenas 3% dos funcionários das 150 melhores empresas têm acima de 50 anos, provavelmente, em cargo de direção ou sócios, e desses, uma minoria são mulheres. As mulheres sofrem duplamente o preconceito de gênero. Quando mais jovens, pela condição da maternidade, e depois dos 45, pela idade”, ressalta Elizete Almeida.
A diretora do Sinergia, Elinei Campos, aponta a necessidade de menos julgamento e mais respeito às mulheres. “Tudo o que fazemos está condicionado a como o outro vai reagir. Se você é decidida e não é manipulada você é reativa a mudanças, e por aí vai. O que precisamos é evoluir a mente retrógrada e entender que ser mulher é ser o que você quiser ser. Por isso, eu tenho orgulho da mulher que me tornei, sem negociar meus princípios”.
Para a funcionária do setor financeiro do Sinergia-MS, Vanessa Rodrigues, a data precisa ir além dos presentes e “mimos” e deve estimular o fortalecimento da luta pelos direitos das mulheres. “Hoje é o dia de lembrar o poder que todas nós, mulheres, temos, dia de inspirarmos umas às outras para vencer o preconceito, a desigualdade, a violência”.
“Não somente hoje, mas que todos os dias as mulheres sejam reconhecidas e amadas em casa, no trabalho e na sociedade”, acrescenta a funcionária do setor administrativo do Sinergia-MS, Larissa Amaral.
Para mudar esse cenário, as mulheres travam uma luta por igualdade de oportunidade e respeito há anos. Há menos de 200 anos as mulheres conquistaram o direito de ir na escola e o direito do voto tem menos de 100 anos. Veja abaixo a linha do tempo das conquistas histórias e os desafios atuais das mulheres: