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Dia da Consciência Negra: os desafios persistentes no mercado de trabalho

O dia 20 de novembro é marcado por celebrações, reflexões e eventos que buscam dar visibilidade à luta e à resistência da comunidade negra ao longo da história. Esta data, conhecida como o Dia da Consciência Negra, é uma oportunidade para destacar as conquistas, ressaltar desafios e promover diálogos essenciais sobre igualdade racial.

A escolha do dia 20 de novembro não é arbitrária; ela remete à figura emblemática de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, que resistiu bravamente contra a escravidão no Brasil colonial. Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695, e a data foi instituída como o Dia Nacional da Consciência Negra em homenagem à sua luta e como um símbolo de resistência à opressão racial.

Para a diretora de Políticas Sociais, Juventude, Minorias e Gêneros do Sinergia-MS, Elinei da Silva Campos, essa data é importante para estimular a discussão da relevância de se combater não somente o preconceito racial, mas qualquer tipo de discriminação.

“Precisamos de consciência para que o racismo seja vencido. Nesta data, celebramos a resistência do nosso grande líder, que morreu lutando e reivindicando que todos nós pudéssemos ter a mesma condição de vida. Eu sou descendente de negro e tenho maior orgulho em dizer que os meus ancestrais construíram o que eu posso chamar de país, para que hoje nós pudéssemos ser incluídos na sociedade, na política e no mercado de trabalho, mesmo com tantas diferenças que ainda presenciamos hoje”, disse Elinei.

As dificuldades da população negra no mercado de trabalho

Mesmo representando 56,1% da população do Brasil e 54,9% da força de trabalho no país, o mercado de trabalho ainda é espaço de reprodução da desigualdade racial. O Dieese produziu o boletim “As dificuldades da população negra no mercado de trabalho”, especial para o Dia da Consciência Negra, e que demonstra que tanto a inserção quanto às possibilidades de ascensão são desiguais para a população preta e parda. E as mulheres negras acumulam as desigualdades não só de raça, mas também de gênero.

Alguns destaques do estudo do Dieese:

– Os negros ocupavam apenas 33,7% dos cargos de direção e gerência. Ou seja, um em cada 48 trabalhadores negros ocupa função de gerência, enquanto entre os homens não negros, a proporção é de um para 18 trabalhadores.

– Quase metade (46%) dos negros estava em trabalhos desprotegidos. Entre os não negros, essa proporção era de 34%. Uma em cada seis (16%) mulheres negras ocupadas trabalha como empregada doméstica.

– Os negros ganhavam 39,2% a menos do que os não negros, em média. Em todas as posições na ocupação, o rendimento médio dos negros é menor do que a média da população.

O boletim do Dieese conclui que “mesmo com a indicação do crescimento da atividade econômica, o mercado de trabalho continua reproduzindo as desigualdades sociais. Os trabalhadores negros enfrentaram mais dificuldades para conseguir trabalho, para progredir na carreira e entrar nos postos de trabalho formais com melhores salários. E as mulheres negras encaram adversidades ainda maiores do que os homens, por vivenciarem a discriminação por raça e gênero”. Clique aqui e leia o Boletim do Dieese na íntegra.

A dirigente sindical Elinei da Silva Campos destaca que é importante o movimento sindical e os próprios trabalhadores terem acesso a esse levantamento. “Nós precisamos de uma sociedade antirracista e o movimento sindical tem um papel importante nessa discussão. Com essas informações, precisamos trabalhar a nossa sociedade e mudar esse pensamento racista. Na verdade, ninguém nasce racista, as pessoas são ensinadas. Então, vamos ensinar o amor às nossas crianças, para que, quem sabe, elas possam ter um futuro mais justo e igual”. 

Desigualdades Sociais

De acordo com o estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil do IBGE, divulgado em 2022, as pessoas pretas e pardas continuam com menor acesso a emprego, educação, segurança e saneamento. Veja abaixo alguns destaques do estudo:

  • – Em 2021, considerando-se a linha de pobreza monetária proposta pelo Banco Mundial, a proporção de pessoas pobres no país era de 18,6% entre os brancos e praticamente o dobro entre os pretos (34,5%) e entre os pardos (38,4%).
  • – Pretos e pardos enfrentam maior insegurança de posse da moradia: 20,8% das pessoas pardas e 19,7% das pessoas pretas residentes em domicílios próprios não tinham documentação da propriedade, enquanto a proporção entre as pessoas brancas era praticamente a metade (10,1%).
  • – Segundo o Censo Agro 2017, entre os proprietários de grandes estabelecimentos agropecuários (com mais de 10 mil hectares), 79,1% eram brancos, enquanto apenas 17,4% eram pardos e 1,6% eram pretos.
  • – Em 2020, houve 49,9 mil homicídios no país, ou 23,6 mortes por 100 mil habitantes. Entre as pessoas brancas, a taxa foi de 11,5 mortes por 100 mil habitantes. Entre as pessoas pardas, a taxa foi de 34,1 mortes por 100 mil habitantes e, entre as pessoas pretas, foi de 21,9 mortes por 100 mil habitantes.
  • – Nas áreas de graduação presencial com maior número de matrículas em 2020, as maiores proporções de pretos e pardos estavam em pedagogia (11,6% de pretos e 36,2% de pardos) e enfermagem (8,5% de pretos e 35,2% de pardos). Já o curso de medicina tinha apenas 3,2% de matriculados pretos e 21,8% de pardos.

Por: Comunicação do Sinergia-MS

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