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MP 579: MME não seguiu recomendação da Aneel para usina da Celesc

Estatal catarinense briga para não incluir repotenciação de PCH no processo de cotas

Milton Leal, da Agência CanalEnergia, de São Paulo, Regulação e Política 

A Celesc foi uma das primeiras empresas do setor elétrico a anunciar que não prorrogaria suas concessões de geração com base nas regras da Medida Provisória 579. A decisão foi baseada em relatório técnico produzido por uma consultoria independente e também por um grupo de trabalho formado dentro da companhia para analisar o tema. “As últimas semanas foram de muito stress. Mergulhamos de cabeça nas contas”, diz o diretor de Relações com Investidores da companhia, André Luiz de Rezende.

Para ele, seria impossível aceitar uma proposta que reduziria em 80% a receita das usinas da empresa e que provocaria uma baixa contábil de R$ 600 milhões. “O governador tem meu telefone, mas não me ligou em nenhum momento para pressionar. Nossa decisão foi absolutamente técnica”, contou o executivo, durante reunião da Apimec, realizada nesta quinta-feira, 6 de dezembro, em São Paulo.

A Celesc possui sete usinas que foram abarcadas pela MP 579. Juntas, estas pequenas centrais hidrelétricas somam 71 MW de capacidade total. A usina da concessionária que mais causou polêmica é a PCH Pery, que possui 4,4 MW de potência, mas que no final deste ano passará a ter 30 MW, com a conclusão das obras de repotenciação e modernização da planta.

Um despacho da Aneel de 23 de outubro deste ano afirma que capacidade repotenciada de 25,6 MW não seria submetida à MP 579 durante os primeiros 20 anos de operação, podendo ser comercializada livremente. Nos últimos 10 anos, toda a energia da hidrelétrica seria transformada em cota. Contudo, o Ministério de Minas e Energia, ao publicar as portarias que definiram as receitas de geração e a indenização, considerou a usina toda para o processo de cotas.

Com o argumento de que a indenização oferecida pelo MME não remunerava o investimento recentemente feito para repotenciar a usina, a companhia obteve uma liminar na Justiça Federal de Santa Catarina na noite da última segunda-feira, 3 de dezembro, que a isentou de dar uma resposta ao governo sobre a assinatura ou não do aditivo contratual. “Acho que todo mundo queria renovar as usinas, mas com condições saudáveis para a companhia”, opinou. O executivo diz que a empresa está aberta para negociar com o governo, que está tentando, por meio da Advocacia-Geral da União derrubar a liminar da empresa e forçá-la a assinar ou desistir da proposta de prorrogação.

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