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PARÁBOLA: A CRISE

Quando viajamos por estradas do interior é comum vermos diversas barracas com pessoas vendendo frutas, doces, artesanatos, etc.

Existia um homem que, igual a tantos outros no lugar, vivia à beira de uma estrada, com a sua barraca, vendendo cachorro-quente. A diferença é que seu cachorro-quente era o melhor. As pessoas que passavam, normalmente paravam e comiam. Durante um bom trecho da estrada, nas duas direções, o dono da barraca colocou plantas indicativas, procurando, com isso, fazer a divulgação do seu negócio.

Quando as pessoas paravam, ele oferecia o seu produto em voz alta e atendia de forma excelente cada freguês. As vendas iam aumentando e, cada vez mais, ele comprava o melhor pão e a melhor salsicha, assim como adquiriu o melhor fogão para atender à grande quantidade de pessoas que paravam para comer o seu cachorro-quente.

A cada dia, seu negócio prosperava, tanto que dele retirava os recursos para custear os estudos de seu único filho numa boa escola da cidade grande. O seu sonho era ver esse filho doutor.

Algum tempo depois, o filho retorna para visitar os pais e percebe que ele continuava com a mesma vidinha de sempre e, por esse motivo, resolveu ter uma séria conversa com a família, especialmente com o pai.

“- Pai, então você não sabe o que está acontecendo no mundo? Não vê televisão, não lê jornal?! Há uma grande crise no mundo. A situação do nosso país é crítica. Está tudo ruim, o Brasil vai quebrar e o senhor continua vendendo esse seu cachorro-quente, alheio a tudo, nessa alegria de quem não sabe o que vai lhe acontecer?”

Depois de ouvir o “discurso” do filho, o pai pensou: “Bem, se meu filho – que estudou tanto – diz que a coisa está ruim, ele só pode ter razão.” Com medo da crise e para economizar, começou a procurar pão e salsicha mais baratos e com qualidade duvidosa. Diminuiu a quantidade de placas na estrada e, abatido pela notícia da crise, que seu filho trouxera, já não oferecia seu produto em voz alta. Sua motivação tinha ido embora.

Tomadas todas essas “providências”, as vendas começaram a cair, até chegar a níveis insuportáveis. Assim, o negócio do cachorro-quente na estrada, que não se intimidava com a concorrência e que, até então, pagou os estudos do filho na cidade, quebrou.

O pai, triste, falou para o filho: “- Você estava certo, meu filho. Nós estamos no meio de uma grande crise.” Assim, orgulhoso, passou a comentar com os amigos: “- Bendita a hora que fiz meu filho estudar na cidade! Só ele para me avisar da crise.”

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